quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Trabalho?

Alguém me consegue explicar o que é a merda do trabalho?

Há uns anos (muitos janos) fazia sentido:

Se querias comer couves e tal, plantavas.

Se querias comer bofes (carnufa), criavas a bicheza e ópois matávazia.

Se querias peixinho do bom, zucas, cá vai disto, vamos à pesca (actividade que o marreco bem aprecia).

Depois começou-se a complicar:

Havia uns que faziam isto, outros aquilo, mas a malta, em comunidade, lá se ia entendendo.

Pumba, eis que aparece um bicho chamado Ford, que escavaca a cena toda com uma teoria maluca chamada "Standartização" (Estandartização para os mais puristas, amantes de neologismos), que diz mais ou menos isto:

Se produzirmos milhares e milhares de coisas (no caso automóveis) iguais, é muito mais fácil produzir de forma massificada, reduzindo os custos, apostando na especialização, fabricando todos os componentes separadamente (sim, quanto mais desintegrado estiver o produto final mais máquinas podemos pôr a produzilas), remetendo o Homem, no processo de fabrico de bens de consumo, para um cantinho ainda mais escuro que o meu, ficando este com um papel residual.

Resultado:

Queres filet mignon, trabalha que nem um parvo para poderes comprá-lo por muito mais do que vale.

Queres comprar casa, endivida-te até aos olhinhos e passa 45 anos a pagá-la.

Queres ter filhos, faz bem as contas, que és capaz de ter que vender um rim para lhes pagar a educação.

Queres descansar, trabalha que isso passa.

E o que me irrrita nem é nenhuma das parvoíces (se bem que verdadeiras) supra descritas, é mesmo o facto de estar cada vez mais convicto de que não há uma relação causa/efeito, um Yin e um Yang, uma qualquer treta kármica que me assegure que todas a merdas com que levas (e as que fazes, porque não?) terão uma contrapartida. Tás mal agora? Isso quer dizer que vais estar bem, eventualmente.

E é a verdade, essa treta não existe.

A justiça poética que vá de p. q. a. p..

E nós, ao trabalho!

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