domingo, 24 de janeiro de 2010

Frantic in Paris

Paris, 24 de Janeiro de 2010

Estou frenético. Que me desculpe o Mestre Cesário, mas a utilização desta expressão tem tanto de plágio como de sincera, e não há outras palavras que espelhem de forma tão inequívoca o meu estado anímico. Já os maços de cigarros não os fumei, apenas meio maço.

De quando em vez tenho tendência a assim ficar, atingindo, por vezes, um estado de saturação tal que (acho que) tenho mesmo que fazer alguma coisa a esse respeito.

Bem vistas as coisas, agasta-me, de sobremaneira, estar comigo. Aqueles momentos em que não há distração que me valha, que não tenho com quem sair de mim, são particularmente penosos para mim. O que me chateia ainda mais é o facto de ter a plena consciência de que a vida não me tem tratado mal.

De facto, tive alguns percalços ao longo da dita cuja, que me marcaram, como não poderiam deixar de o fazer, mas aos quais terei dado demasiada importância. Ou melhor: terei dado a importância errada.

De qualquer forma, ter a noção de que as coisas são bem melhores do que as pinto é, para mim, uma novidade, e, quiçá, um ponto de partida para deixar de me armar em maricas e pensar que sou um pequeno Lázaro, começando a deixar de potenciar as coisas que me afectam.

Que me afectem não é mau, aliás, já dizia o outro que "quem não sente não é filho de boa gente". Agora que me deixem de rastos é que não. É, sim, completamente inadmissível permitir que as vicissitudes da vida (melhor, a própria vida, que mais não é que a soma das suas peripécias e acontecimentos) sejam por mim encaradas como ineresolúveis situações de vida ou morte, que terei que resolver, doa a quem doer, nas quais terei que pensar cinquenta e três horas de enfiada, sob pena de ser completamente infeliz e miserável até ao fim dos meus dias (facto que se adivinha ainda longinquo).

Se pensar bem ( e não muito, como tenho o irritante hábito de fazer!) chego à conclusão que tenho bem mais motivos para me rir do que para chorar, circunstância que, inclusive, legitimaria esta minha forma de ser e de estar extremamente parva e sorridente.

A parte difícil é não me deixar levar pela minha faceta de "drama queen", e querer à força toda resolver problemas que das duas uma: ou não existem, ou são demasiada areia p'ra minha camionetazinha (entenda-se, sem resolução).

Podia passar a noite em claro a matutar sobre como não matutar, e pelo menos desta vez seria tempo bem entregue, mas parece-me um claro exagero e um pouco paradoxal, atento o fim que deveria atingir.

Mais informo que me estou rigorosamente a cagar para saber se alguém (mais?!) me compreende ou não, até porque compreender-me da maneira que tenho que ser compreendido é tarefa que apenas eu poderei desempenhar, essencilamente porque sou o único que vive (lato sensu) comigo, e sou a única pessoa de quem nunca me conseguirei livrar (ou separar, para dar um tom menos cáustico à coisa), pelo que sou o principal, ou mesmo o único, interessado na coisa.

Posto isto, e dado o avançado da hora, não farei qualquer tipo de promessa estúpida ou coisa que o valha, apenas vou dormir um bocado mais esclarecido, (e com a pouco modesta ilusão de que não preciso de nada nem de ninguém para me safar, porque me basto a mim próprio).

Passar bem.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Nervosices

Tenho estado, amiúde, nervoso.

Se é do trabalho, que consegui, se é de me ter apaixonado perdidamente por uma mulher que vive longe comó raio e me dá cabo da marmita, depois de ter estado apaixonado por outra(s), se é de ter ganho a guerra contra os estudos, quando na verdade fui eu que a criei, se é de ter uma família disfuncional, de quem muito gosto, se é de ir p'ra França fazer o Erasmus fora de tempo e a prestações, se é de me ter espetado na Ponte 25 de Abril (ou de Salazar, para os mais saudosistas...), se é de ter medo de nunca chegar a ser quem sempre quis, se é de não saber o que quero da vida, não sei. Mas que por alguma coisa é, lá isso é. Mas não interessa...



Também tenho estado feliz:

i) descobri coisas novas, entendi que lutar com quem se gosta não é mau, o que é verdadeiramente mau é deixar de lutar com e por aquela da quem gosto;

ii) quando queremos mesmo muito uma coisa acabamos por consegui-la, o problema é quando deixamos de querer aquilo que queriamos (muito!);

iii) que a parvoíce é um belo modo de vida, excepto quando deixamos de dizer parvoíces e passamos a ser só parvos;

iv)que as "coisas" não são tão más/difíceis como achamos que são, nem tão boas/fáceis como gostariamos que fossem; e

v)que posso ser o que quiser.

Entre outras.

Agora tenho que ir preparar o julgamento de amanhã, deixar de sentir a falta dela e perceber que não posso querer perceber tudo, que há coisas que são assim só porque sim. Tenho dito.

Até um dia destes...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Retorno

Boa noite.

Ganhei a guerra. Vou p'ra França. Apaixonei-me.

E parece-me que retornarei mais tarde, que uma retroespectiva de um ano por monossílabos não é coisa que vá bem com a minha pessoa.

Boa noite.